Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemostem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
é o que faz com que elanão seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar.
Cora Coralina

paranóia do consumo: o ser e o ter

Festas de aniversários, compras de tênis e roupas de grife, produtos eletrônicos, viagens, mansões, carros de última geração..., consumo, consumo, consumo...

Para a Fé Bahái “o ser humano tem duas naturezas: a espiritual e a material. Em uma, ele se aproxima de Deus, na outra, vive somente para o mundo. Sinais de ambas as naturezas encontram-se nos homens. No aspecto material, ele manifesta falsidade, crueldade e injustiça; tudo isto é efeito de sua natureza inferior. Os atributos de sua natureza Divina são expressos em amor, misericórdia, bondade, verdade e justiça, os quais são todos manifestações de sua natureza superior. Todos os bons costumes, todas as qualidades nobres, pertencem à natureza espiritual do homem, enquanto que todas as suas imperfeições e ações pecaminosas nascem de sua natureza material”.

Na sociedade moderna privilegia-se mais o ter do que o ser. O dinheiro compra tudo ou quase tudo, e quanto mais se compra mais se quer e isso vai se tornando um caminho que não leva o ser humano a lugar nenhum, somente a um mundo supérfluo, com praticamente nenhum valor espiritual. Quantas pessoas ricas já não tiraram suas vidas porque lhes faltava aquilo que riqueza material nenhuma pode comprar: o amor, o perdão, o respeito, a amizade, o carinho e etc.?

O consumo exagerado, a ganância pelo ter esmaga a estabilidade emocional, gera tensão e prazeres superficiais detonando o ser. Este desenvolvimento material está se sobrepondo ao desenvolvimento espiritual. A sociedade anda formando pessoas para o ter e não para o ser. Privilegia-se o consumo sem necessidade, apenas o consumo pelo consumo. A quantidade de estímulos e a pressão emocional que o sistema exerce no âmago das pessoas são intensas. E é preciso saber discernir que tipo de ser humano está sendo educado. Ter cultura, boa condição financeira, excelente relação conjugal, propiciar uma boa escola para os filhos faz parte do desenvolvimento material e não estamos julgando isto errado, mas sim, o fato de cair em exageros. Os pais tem que ensinar seus filhos a ter uma visão crítica dos comerciais, dos programas de TV, de tudo que os cerca, pois a sociedade do consumo só privilegia o ter, e seu filho pode se tornar mais um consumidor em potencial e não um ser humano.

Prepare seu filho para “ser”, envide todos os seus esforços para educar sua natureza espiritual, pois o mundo o preparará para “ter”. Entenda que somos criadores e vítimas do sistema social que valoriza o ter e não o ser, a estética e não o conteúdo, o consumo e não as idéias. Estamos cada vez mais perdendo nossa real natureza, nos tornando uma conta bancária, um número de cartão de crédito, um consumidor em potencial.

Todos nós somos responsáveis para contribuir com uma educação que torne a humanidade mais saudável e espiritual.

Possuímos a firme convicção de que todos os seres humanos foram criados "para levar avante uma civilização em constante evolução"; de que "agir como os animais do campo é indigno dos homens"; de que as virtudes dignas da condição humana são a honestidade, a indulgência, a misericórdia, a compaixão, a bondade e o amor para com todos os povos.

O que não podemos nos esquecer é de que o desenvolvimento não deve ser confundido com a criação de uma insustentável sociedade de consumo.

o ensino do não

Antigamente os pais eram autoritários; hoje, são os filhos. As crianças e jovens não sabem ser contrariadas. Nunca na história da humanidade pudemos ver tantas crianças e jovens dominando tanto os adultos.

Os filhos andam se comportando como “reis”, cujos desejos tem de ser imediatamente atendidos. Sem medo de nada e de ninguém, eles sabem tudo e podem tudo o que querem. Só não sabem que o que querem quase nunca é o melhor para eles.

Vamos lembrar duas historinhas dos livros infantis: A lebre, por exemplo, gostava de contar vantagens por ser o animal mais rápido da floresta. Só para humilhar, desafiou a tartaruga para uma corrida. Achou a disputa tão fácil que tirou uma soneca no caminho e perdeu a hora. A tartaruga chegou primeiro, andando devagar e sempre.

Outra, para exemplificar, a da formiga que não descansou o verão todo, agüentando a cantoria da cigarra, que preferiu se divertir. Quando o inverno chegou, a formiga teve abrigo e alimento. A folgada da cigarra morreu de frio e fome.

Como nas duas historias, vemos a preferência pelo que é agradável, gostoso e fácil. Os filhos não são preparados para enfrentar as dificuldades da vida. Acostumados a nunca ouvir não, não suportam frustração, seja perder no joguinho de futebol ou não poder comprar aquele jeans da moda que está “bombando”.

Os pais devem aprender a exercitar o não para seus filhos desde a tenra idade. Pois se eles não ouvirem “não” de seus pais, estarão despreparados para ouvir “não” da vida. Não terão chance de sobreviver a esse mundo já tão carente de virtudes.

Vivemos tempos difíceis, em que os valores estão se perdendo, os papéis estão sendo invertidos: filhos que “mandam” nos pais, filhos que “batem” nos pais, pais que “violentam sexualmente” seus filhos, pais que “vendem” seus filhos.

Não podemos nos esquecer que educar é uma arte que exige amor. Que dizer não as filhos não é dar “um tapa na cara”, ficar com remorso porque não pôde “atender” seus pedidos.

Quantos pais dizem sempre “sim” aos seus filhos para tudo por não terem paciência de ouvir reclamações, choros, birras, tumultos e escândalos?

O processo de frustração faz parte da vida e é necessário para a formação da personalidade, isto implica amadurecer no que é certo e no que é errado, no porquê do “não” na vida dos filhos desde pequenos, saber distinguir o não do sim é vital. Quantos pais temem em dizer um “não” a seus filhos por puro medo de suas reações? Mas o desafio é justamente este, dizer não sem medo, mesmo que o filho esperneie, faça escândalos, faça-o compreender o porquê deste não, pais e filhos só tem a ganhar.

Então, valorize e enfatize a importância do “não” na vida dos filhos. E mais ainda, enfatize os ensinamentos de caráter moral, de edificação espiritual, como a importância da espiritualidade, a aquisição de virtudes, o amor e a adoração a Deus, o amor aos semelhantes, o respeito aos pais, a paz, a bondade, a tolerância, etc.

gentilezas estão cada vez mais raras

A gentileza anda tão fora de moda, aliás, como muitas outras virtudes, como por exemplo, o respeito ao próximo, a justiça, a verdade, não acham? Chega-se ao ponto de quem faz gentilezas ser mal entendido por quem a recebe.

Não é à toa, nossa sociedade está tão desumana que o simples ato de ceder um assento no ônibus para idosos, gestantes e deficientes teve que virar lei. Atitude inimaginável tempos atrás, quando este ato era feito de forma espontânea e natural.

Onde foi parar a gentileza?

Talvez tenha se perdido em meio à correria da vida moderna, e que “vida moderna” não é? Não são poucos aqueles que desconhecem até quem são seus vizinhos. Nesses tempos dos “sem tempo” tornou-se comum agir de forma apressada e automatizada — correr contra o tempo para produzir cada vez mais.

Essa correria da vida moderna anda tornando as pessoas mais e mais insensíveis, carentes de virtudes, aquelas virtudes que enobrecem o homem elevando-o ao seu mais alto patamar de excelência. Nos textos bahá’ís podemos citar “considerai o homem, como uma mina rica em jóias de inestimável valor. A educação, tão somente, pode fazê-la revelar seus tesouros e habilitar a humanidade a tirar dela algum benefício” (Fé Bahá'i).

Precisamos desenvolver as virtudes no dia a dia, quantas vezes nos deparamos com pessoas que nem sequer respondem ou dizem ‘bom dia’, ‘boa tarde’, ‘boa noite’? E por falar nisso, você já cumprimentou alguém hoje? Já cedeu seu assento no ônibus para um idoso, gestante? Se seu esforço é mínimo, é bom rever que tipo de pessoa você é.

Desenvolver a virtude da gentileza é lapidar-se por dentro. O homem é como uma pedra bruta, a educação é o instrumento que a lapida e a faz tornar a pedra mais nobre. Por isso, como estamos falando de gentilezas, exercitá-la, abre portas, muda o rumo dos conflitos, transforma humores, melhora as relações, enfim, só traz coisas boas, tanto na vida de quem pratica quanto na vida de quem a recebe. É ela que permeia todas as virtudes próprias da convivência entre as pessoas, como ser cordial, afável e acolhedor.

Como você serve seu café?

- bule ou garrafa térmica?
- puro, com açúcar ou adoçante, canela ou leite?
- xícara ou copo, porcelana ou descartável?
- com biscoitos ou nada?


Como você vai colocar seus dons, talentos e habilidades ao serviço do mundo? Como você vai servir a humanidade? Vai disponibilizar seus conhecimentos gratuitamente em serviços voluntários? Vai partir para lugares longínquos e dedicar sua vida inteira ao serviço dos necessitados? Vai trabalhar no anonimato? Ou recorrerá a mídia para procurar se auto-promover?

Trata-se de contribuir. Servir. Fazer do mundo um lugar melhor e servir à humanidade através dos nossos dons e talentos.

Seja qual for a abordagem, estamos falando em deixar um Legado, prova incontestável de que estivemos aqui e vivemos a nossa vida até o fim, cumprindo um Propósito. Afinal de contas, não estamos neste mundo “só por estar”, “à toa”, nosso Propósito vai mais além do que simplesmente viver e só. Já se perguntou isso? Como estamos vivendo a nossa vida? Trabalhamos, estudamos, temos uma família, amigos, saímos para nos divertir e etc., mas, será que a vida é só isso mesmo? Será que não estamos aqui para fazer algo mais? Por que muitas vezes o que fazemos é tão pouco? Às vezes você não acha que sua vida está simples demais? Sem sentido? Sem gosto? Sem aroma? Que faz as coisas de um jeito automático, pois está acostumado. Qualquer que seja nosso modo de vida, estar aqui tem um propósito maior. E tudo que o homem criou ou cria é baseado num propósito seja ele para o bem ou para o mal.

A chave pode está em servir? Servir ao seu próximo! Mas não é servir de qualquer jeito, é assumir a responsabilidade de servir certo, com toda sua disposição, “o serviço à humanidade é o propósito tanto da vida individual quanto da organização social” (Bahá'í International Community, A prosperidade da humanidade).

Por isso, pense: Se você não servir o café, ninguém o beberá. Se você não puser seus dons e talentos aos serviços da humanidade, de que adiantará ficar com você todo o conhecimento e experiência? Do que adiantou sacrificar a sua vida inteira se não compartilhar com os outros?

Ao servir o seu café... Pense nisso!

Sobre este blog

Neste blog procuro dividir com todos um modo mais simples de se viver a vida!

A todos que nos visitam, o nosso muito obrigada!